sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Breganation #1: “Baby, Can I Hold You?” – Tracy Chapman


Quando falamos em uma coisa “brega”, geralmente nos remetemos a algo cafona, de suposto mau gosto. De forma geral, muitas vezes o brega acaba sendo aquilo que temos vergonha de dizer que gostamos, o que é uma grande bobagem.

A definição de brega no ramo da música se relaciona aos versos simples, exagerados, alcoolizadamente românticos e de fácil assimilação. Mas pensar que essa combinação faz com que uma música seja de baixa qualidade é apenas mais uma grande bobagem. Se deixarmos de ladainha e prestarmos atenção, perceberemos que, muitas vezes, aqueles versos choramingados dizem a mais pura verdade. Vai depender dos ouvidos do momento. Claro, também existem músicas bregas ruins. Aliás, se existe uma classificação possível para a música, seria a seguinte: música boa, música ruim. Mas nem isso é absoluto, depende do ouvido.

Mas deixemos de lado os gostos e vamos para os fatos. Para provar que o brega é uma questão relativa, inauguramos hoje a série “Breganation”. A ideia é a seguinte: vamos pegar algumas músicas consagradas dentre os mais diversos seguimentos musicais e mostrar que elas poderiam, facilmente, ser gravadas por Zezo. Como faremos isso? Basear-nos-emos pela observação dos seguintes aspectos: 1) Simplicidade; 2) Exagero; 3) Romantismo Encachaçado; 4) Ficar na Cabeça. Após a análise de cada ponto, atribuiremos de 1 a 5 Estrelas da Paixão, chegando a uma média final que será a pontuação no nosso Bregômetro.

Sem mais delongas, vamos ao que interessa. Para começar o Breganation, vamos ver o vídeo abaixo:




Trata-se da música “Baby, Can I Hold You?”, lançada em 1988 por Kenan de “Kenan e Kel” pela cantora americana Tracy Chapman. A música foi o maior estouro, sendo tocada até hoje. Quem ouve rádios como a Globo FM, ou A Tarde FM sabe que essa canção é um verdadeiro clássico.

Pelo próprio título, “Baby, posso te abraçar?”, já sentimos vontade de vestir a roupa de bicheiro e sair caminhando pelas calçadas da vida às 3h da manhã. O resumo da obra é basicamente o seguinte: Kenan...quer dizer...Tracy está visivelmente retada com seu chamego, já que o rapaz parece só fazer lambança.

A causa dos problemas da dupla parece ser a dificuldade encontrada por ambos na hora de conversar. “Desculpe”, “perdoe-me” e “eu te amo”, aparentemente, é tudo que o rapagão consegue dizer, já que vive aprontando e machucando o coração da cantora.

Os anos passavam e ainda assim o moleque não conseguia juntar umas sílabas diferentes. Tracy gostaria que ele dissesse “baby, posso te abraçar esta noite?”, ao invés de ficar só de migué. Para arrebatar, ela conclui que a é culpa dela (???), já que tudo teria sido diferente se ela tivesse dito a coisa certa, na hora certa.

Hora de colocar no Bregômetro. Minha avaliação é a seguinte:

1)   Simplicidade: Logo de cara você percebe a problemática. Tracy faz questão de deixar perfeitamente claro que as palavras do rapaz não vêm facilmente. Essa dificuldade é enfatizada em três estrofes, exatamente da mesma forma. Ai vem o refrão para arrebatar. A cantora sofre, nós sofremos, todo mundo se compreende e a verdade foi transmitida. Ela queria simplesmente ser abraçada. Eu entendi, tenho certeza que você entendeu também. Foi tão simples que até mesmo o malandrão da canção talvez tenha entendido. Sendo assim, 5 Estrelas da Paixão para esse quesito.

“Desculpe/ Perdoe-me / Eu te amo
É tudo que você pode dizer
Os anos se passaram e ainda
As palavras não vêm facilmente
Como 'desculpe-me'/ ‘Perdoe-me’/ ‘Eu te amo’ “

2)   Exagero: Bem, como o foco principal das preocupações de Tracy é o descaso afetivo do seu par, e ela tratou de deixar isso bem explícito – como visto acima.Não precisou exagerar para mostrar sua sofrência. Entretanto, vale ressaltar que reduzir o vocabulário do rapaz a três expressões, e repetir isso durante toda a música, para enfatizar bem, bem, bem enfatizado, é, no mínimo, digno de 3,1 EPs.

3)   Romantismo Encachaçado: Critério interessante este. O que seria o “Romantismo Encachaçado”? Tem sua parcela de parentesco com o exagero, mas acho que o importante aqui é mais especificamente o conteúdo do que foi exagerado. Seria, mais ou menos, aquela viajada que a pessoa dá às vezes, sendo mais comum quando se tem a influência alcoólica. Tracy ia até bem nesse quesito, parecia bastante sóbria. Até que ela diz, no final do refrão: “talvez se eu tivesse dito as palavras certas, na hora certa, você seria meu”. Não, Kenan Tracy! Pense comigo, você disse o tempo todo que o seu macho tem problema de expressão, que ele só sabe pedir desculpas, e agora você me diz que foi você quem falou as coisas erradas? Que confusão, cara. Mas foi genial, 4 EPs pra você nessa.

4)   Ficar na Cabeça: Talvez o mais subjetivo dos critérios. Não há muito o que se dizer aqui. Com exceção de algumas músicas, que só podem sofrer de alguma influência sobrenatural para ficarem martelando tanto em nossas mentes durante períodos de explosão de Namekusei, uma música pode ficar na cabeça de algumas pessoas mais do que outras. Com base nisso, vou na pessoalidade: 3,4 EPs para esse quesito.

Após esse estudo, chegamos a um resultado no nosso Bregômetro! E o nível de breguice da canção “Baby, Can I Hold You?” é de:

3,9
ESTRELAS DA PAIXÃO!

E você ai de casa? Deixe seu comentário com suas notas em cada quesito e vamos descobrir a escala global de breguice dessa música. Você também pode deixar sugestões de canções que te fizeram usar a pochete, aí mesmo nos comentários, ou pelo e-mail rafaelverdival@gmail.com


Até o próximo Breganation!


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