A
artificialidade é algo realmente fascinante. Sim, é possível fascinação por
algo artificial, afinal, o artificial surge da obra humana e todo humano é
egoísta. A sensação de produzir, ou reproduzir, está além do altruísmo de
trazer à tona uma criação que poderá ser usufruída por outros. Produzir
alimenta o ego e causa autossatisfação.
Mas
voltemos ao artificial. Ao criar algo artificial é possível, de alguma forma,
chegar perto de uma perfeição subjetiva que existe na própria concepção do
criador – e, por que não, dos admiradores.
A
coisa artificial, em alguma medida, busca alcançar características de algo
não-artificial (natural, talvez). O artificial pode conter tudo de bom e bonito
que existe no natural, mas pode abrir mão daqueles aspectos que dão
complexidade e dor de cabeça para quem precisar lidar.
Vamos
pensar em uma planta artificial. Podemos ter belas flores, belas rosas, em um
belo jarro. Sem dúvidas é um utensílio que deixa o ambiente mais leve e só há
benefícios. Você olhará para a flor e verá que ela é bela. Você admirará a
planta e saberá que ela sempre estará ali, bela.
Entretanto, você não precisa
se preocupar em regar, em prover sais minerais, em evitar pragas. Aquela planta
tem a essência de uma planta ornamental: embelezar. Porém, está livre de
qualquer complexidade. É apenas uma alegoria. Aquela planta foi criada para ser
bela. Não há ali a sutileza da vida, mas também não há seus percalços. É bela,
mas artificial.
Ao
pensarmos sobre o natural e o não-natural, podemos questionar o que vale mais a
pena. Esse questionamento, por óbvio, não tem uma resposta. A planta artificial
cumpre seu papel e todos sabem de suas limitações. O que resta é decidir o que
melhor supre os desejos humanos: a alegoria ou a realidade complexa. Cada um
escolhe o que lhe melhor cabe, e, embora todo mundo se intrometa nas vidas
alheias, não sei se cabe algum julgamento. No final das contas, é uma questão
de egoísmo.
Bacana seus textos. Você já ouviu falar no medium? Caso não, dá uma olhada depois.
ResponderExcluir