Quando falamos em uma coisa “brega”,
geralmente nos remetemos a algo cafona, de suposto mau gosto. De forma geral,
muitas vezes o brega acaba sendo aquilo que temos vergonha de dizer que
gostamos, o que é uma grande bobagem.
A definição de brega no ramo da música
se relaciona aos versos simples, exagerados, alcoolizadamente românticos e de
fácil assimilação. Mas pensar que essa combinação faz com que uma música seja
de baixa qualidade é apenas mais uma grande bobagem. Se deixarmos de ladainha e
prestarmos atenção, perceberemos que, muitas vezes, aqueles versos
choramingados dizem a mais pura verdade. Vai depender dos ouvidos do momento.
Claro, também existem músicas bregas ruins. Aliás, se existe uma classificação
possível para a música, seria a seguinte: música boa, música ruim. Mas nem isso
é absoluto, depende do ouvido.
Mas deixemos de lado os gostos e vamos
para os fatos. Para provar que o brega é uma questão relativa, inauguramos hoje
a série “Breganation”. A ideia é a seguinte: vamos pegar algumas músicas
consagradas dentre os mais diversos seguimentos musicais e mostrar que elas
poderiam, facilmente, ser gravadas por Zezo. Como faremos isso? Basear-nos-emos
pela observação dos seguintes aspectos: 1) Simplicidade; 2) Exagero; 3)
Romantismo Encachaçado; 4) Ficar na Cabeça. Após a análise de cada ponto,
atribuiremos de 1 a 5 Estrelas da Paixão, chegando a uma média final que será a
pontuação no nosso Bregômetro.
Sem mais delongas, vamos ao que
interessa. Para começar o Breganation, vamos ver o vídeo abaixo:
Trata-se da música “Baby, Can I Hold
You?”, lançada em 1988 por Kenan de “Kenan e Kel” pela cantora
americana Tracy Chapman. A música foi o maior estouro, sendo tocada até hoje.
Quem ouve rádios como a Globo FM, ou A Tarde FM sabe que essa canção é um
verdadeiro clássico.
Pelo próprio título, “Baby, posso te
abraçar?”, já sentimos vontade de vestir a roupa de bicheiro e sair caminhando
pelas calçadas da vida às 3h da manhã. O resumo da obra é basicamente o
seguinte: Kenan...quer dizer...Tracy está visivelmente retada com seu chamego,
já que o rapaz parece só fazer lambança.
A causa dos problemas da dupla parece
ser a dificuldade encontrada por ambos na hora de conversar. “Desculpe”,
“perdoe-me” e “eu te amo”, aparentemente, é tudo que o rapagão consegue dizer,
já que vive aprontando e machucando o coração da cantora.
Os anos passavam e ainda assim o
moleque não conseguia juntar umas sílabas diferentes. Tracy gostaria que ele
dissesse “baby, posso te abraçar esta noite?”, ao invés de ficar só de migué.
Para arrebatar, ela conclui que a é culpa dela (???), já que tudo teria sido diferente
se ela tivesse dito a coisa certa, na hora certa.
Hora de colocar no Bregômetro. Minha
avaliação é a seguinte:
1) Simplicidade: Logo
de cara você percebe a problemática. Tracy faz questão de deixar perfeitamente
claro que as palavras do rapaz não vêm facilmente. Essa dificuldade é
enfatizada em três estrofes, exatamente da mesma forma. Ai vem o refrão para
arrebatar. A cantora sofre, nós sofremos, todo mundo se compreende e a verdade
foi transmitida. Ela queria simplesmente ser abraçada. Eu entendi, tenho
certeza que você entendeu também. Foi tão simples que até mesmo o malandrão da
canção talvez tenha entendido. Sendo assim, 5 Estrelas da Paixão para esse
quesito.
“Desculpe/
Perdoe-me / Eu te amo
É tudo que
você pode dizer
Os anos se
passaram e ainda
As palavras
não vêm facilmente
Como
'desculpe-me'/ ‘Perdoe-me’/ ‘Eu te amo’ “
2) Exagero: Bem,
como o foco principal das preocupações de Tracy é o descaso afetivo do seu par,
e ela tratou de deixar isso bem explícito – como visto acima.Não precisou
exagerar para mostrar sua sofrência. Entretanto, vale ressaltar que reduzir o
vocabulário do rapaz a três expressões, e repetir isso durante toda a música,
para enfatizar bem, bem, bem enfatizado, é, no mínimo, digno de 3,1 EPs.
3) Romantismo
Encachaçado: Critério interessante este. O que seria o “Romantismo
Encachaçado”? Tem sua parcela de parentesco com o exagero, mas acho que o
importante aqui é mais especificamente o conteúdo do que foi exagerado. Seria,
mais ou menos, aquela viajada que a pessoa dá às vezes, sendo mais comum quando
se tem a influência alcoólica. Tracy ia até bem nesse quesito, parecia bastante
sóbria. Até que ela diz, no final do refrão: “talvez se eu tivesse dito as
palavras certas, na hora certa, você seria meu”. Não, Kenan Tracy!
Pense comigo, você disse o tempo todo que o seu macho tem problema de
expressão, que ele só sabe pedir desculpas, e agora você me diz que foi você
quem falou as coisas erradas? Que confusão, cara. Mas foi genial, 4 EPs pra
você nessa.
4) Ficar
na Cabeça: Talvez o mais subjetivo dos critérios. Não há muito o que
se dizer aqui. Com exceção de algumas músicas, que só podem sofrer de alguma
influência sobrenatural para ficarem martelando tanto em nossas mentes durante
períodos de explosão de Namekusei, uma música pode ficar na cabeça de algumas
pessoas mais do que outras. Com base nisso, vou na pessoalidade: 3,4 EPs para
esse quesito.
Após esse
estudo, chegamos a um resultado no nosso Bregômetro! E o nível de breguice da
canção “Baby, Can I Hold You?” é de:
3,9
ESTRELAS DA PAIXÃO!
E você ai de
casa? Deixe seu comentário com suas notas em cada quesito e vamos descobrir a
escala global de breguice dessa música. Você também pode deixar sugestões de
canções que te fizeram usar a pochete, aí mesmo nos comentários, ou pelo e-mail rafaelverdival@gmail.com
Até o próximo
Breganation!
Sou mais a versão by bigode grosso
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